terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Desperdício de luxo; 3 conversas, 2 impressões...

(faltam apenas 3 dias!!!!! E desde ontem a contagem regressiva vem com fotos...)

(revéillon en Goiás, 2007-2008)
Pessoal:
Tenho dois assuntos curtos hoje. Começo pelo desperdício de luxo. Um certo dia, percebi algo diferente no caminho pelo qual ando todos os dias para ir da Maison du Brésil ao RER. Uma moto, aliás, bastante bonita, estacionada na entrada do Parc Montsouris. No princípio, achei que alguém a tivesse estacionado lá naquele dia para passear no parque, ou para visitar alguém lá por perto... No dia seguinte, achei que, talvez, o proprietário tivesse demorando um pouco para ir buscá-la, mas que, talvez, ele a retiraria de lá assim que possível... E assim o tempo foi passando e nada de ninguém tirar a moto de lá... Ela já caiu no chão, já a levantaram, já caiu de novo. Dessa vez ela foi levantada e apoiada no poste para que não caia mais (atitude inteligente...) Na primeira vez em que ela tombou, ela quebrou o vidro e o espelho retrovisor. Na segunda vez, amassou o escapamento... Mas, a realidade é que ela continua lá!!!! E isso já tem, no mínimo 2 semanas!!!! E não se trata de uma Honda Biz qualquer da vida, não... Vejam nas fotos abaixo de qual moto estou falando:
Detalhe na marca da bichinha:

É daquelas motos com cabine e tudo!!! Comecei a supôr que ela foi furtada e largada ali. Mas, pensando melhor, porque é que ela não seguiu, então, para um desmanche? E, além do mais, fora as peças quebradas pelos seguidos tombos, ela me parece estar inteira... Até mesmo o bagageiro atrás continua lá, apesar de estar preso apenas com uma corda, pois também se quebrou no primeiro tombo.
Daí que eu cheguei à conclusão de que ela foi, na realidade, abandonada naquele local. Simplesmente o proprietário ou a proprietária decidiu que não estava mais a fim de ficar com ela, e a abandonou em uma esquina na divisa de Paris com Gentilly.... Isso sim que é desperdício de luxo... E o mais engraçado é que, apesar disso, ninguém a tira de lá... Ela continua inteira. Quero dizer, fora as peças que se quebraram nos tombos... Imagine uma dessas dando bobeira em uma esquina qualquer de uma avenida movimentada em SP? Vocês acham que ela ficaria lá por muito tempo?!?!?
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Segundo assunto do dia - 3 conversas e 2 impressões:
Conversa 1: hoje o RER está um saco. Por causa de uma greve que, pelo jeito, irá se alongar, de cada 2 trens, apenas 1 estava em circulação... E todos estavam tendo a Estação Gare du Nord como ponto final. Quem quisesse seguir até o aeroporto Charles de Gaulle deveria fazer a coincidência nessa estação. Pois bem, eu estava inda justamente até a Gare du Nord para ir ao Conservatório. E eis que entrou um egípcio todo perdido querendo ir ao aeroporto. Ele me perguntou o que tinha de fazer. Talvez ele não compreendesse bem o francês, porque a mulherzinha estava anunciando nos alto-falantes a cada 30 s. Mas, em todo caso, eu o ajudei. Conversamos um pouco durante o percurso entre o Châtelet e a estação de nosso destino. Chegando lá ainda o ajudei a ir até a plataforma na qual o trem sairia, pois a Gare du Nord realmente é uma das grandes estações de trem de Paris...
Conversa 2: Já no Conservatório, no refeitório, encontrei na fila uma italiana compositora. Eu me lembro dela no dia do concerto onde foi tocada a peça do Rodrigo. Eu conversei um pouco com ela enquanto preparávamos nossas refeições, na fila. Disse que eu me lembrava dela daquele dia, que tinha gostado do concerto e coisas do tipo... Ela me disse que preferia a gravação ao concerto mesmo, pois o pessoal não tocou tão bem assim etc... Enfim, passei uns 10 min. conversando com ela e ela foi se juntar aos amigos italianos dela e eu fui almoçar na mesa onde estava o prof. Ledoux.
Impressão 1: nos dois casos, tanto do egípcio quanto da italiana, ambos ficaram muito surpresos quando disse que eu era brasileiro. Ambos me perguntaram se eu realmente não era francês pois o meu francês estava bem... É lógico que fiquei feliz....
Conversa 3: Par contre, como dizem o pessoal aqui, que quer dizer algo do tipo entretanto..., no intervalo da aula do Ledoux, fui conversar com uma colega nossa da aula. Ela é realmente parisiense. Percebi pelo sotaque que é, como a minha amiga Elen diz, excessivamente chiado!... E, ainda, para ajudar, ela falava baixo. Não posso nem ao menos reclamar do barulho de fundo, pois um trem lotado e um refeitório cheio são também dois ambientes onde o barulho de fundo também é exagerado... E, voltando à conversa com a parisiense, foi quando eu tive de utilizar o velho truque dos "pardons" para ver se ela repete para que eu consiga, finalmente, entender... Mas, mesmo assim, fiquei bem uns 15 min. conversando com ela... Ela foi simpática e não saiu correndo no meio da conversa, o que me deixou, ao menos, feliz... Decerto que, algumas vezes, ela teve de repetir algumas frases que eu até mesmo achei que tinha entendido, mas na realidade não...
Impressão 2, em forma de conclusão: o meu francês sem dúvidas evoluiu. Talvez ele esteja já acima da média dos estrangeiros que vivem em Paris, e que não são poucos. Mas ainda não chega nos "trucs" e artimanhas dos próprios parisienses. E nem creio que um dia chegará, pois o francês não é a minha língua materna...

Enfim, é isso. Até amanhã,
Tadeu

5 comentários:

Lígia disse...

Oie..que tal embrulhar a moto e mandá-la para presente?

conversas e impressões... como querido que vc é para mim, digo : parabéns pela evolução na língua. Fico feliz por vc ter deixado as dúvidas e inseguranças de lado.

Como linguista: infelizmente...com certeza todo nativo sempre perceberá quem é estrangeiro.
Poucos são os indivíduos que tem ,como em música, ouvido absoluto. Digo do ponto de vista fonológico.

Te amo, com ou sem sotaque.

Tadeu Taffarello disse...

É, minha linda...
Dava um belo cadeau de Noël, não?

Um beijo...

Andre' disse...

Fala Jakera!!!!

Saudades de vc!!!!! Hoje deu pra matar saudades um pouquinho do blog.... Curti os sites que falavam do Bolaldo nos corinthians.... Vc sabe pq ele escolheu jogar no Corinthians e nao no Flamengo??? Pq lista vertical engorda menos do que lista horizontal!!!! Tem outra teoria tb, que ele nao queria aplicar o golpe no time de coracao dele....

Cara, curti pra caramba ter falado com vc ontem..... Pelo menos agora deu pra escrever um pouco, estou aqui na chacara...

Abracao, fica com Deus!

André

Unknown disse...

Tadeu
Muita paz para o seu coração.

Finalmente o Paulista parece que montou um time. Ou melhor juntou um monte de jogadores para por em campo, se é um time ainda não sabemos.

Sobre a língua e a fala, um dia (quão longe eu não sei) aprenderemos a nos comunicar pelo pensamento, livre da barreira das línguas. Para isso precisamos antes aprimorar os nossos próprios pensamentos para que nossas imperfeições íntimas não fiquem tão expostas.

Um abraço de saudades.

Elen disse...

Tadeu,
parabéns pela evolução no francês... realmente, acho complicado "imitar" o sotaque daqui: chiadíssimo... mais ou menos assim: xi xi xi xi... xui étrangère; xépa; xesé... etc. De toda forma, o que aprendemos aqui já é grande coisa! E quanto aos "trucs" e "quand même", são sutilezas da língua, não me sinto na obrigação de utilizá-las perfeitamente.
Mas quando ao sotaque. Vc, brasileiro, se vê algum estrangeiro falando português, vc comenta do sotaque?! Para os franceses isso é extremamente importante! Já ouvi vários falando assim: "Ele fala quase sem sotaque!". Ou seja, eles dão muita importância para quem não tem sotaque, como um valor a mais para o falante estrangeiro da língua francesa. Quando fiquei na casa de amigos no sul da França, a mãe de um deles me falou: "vc fala bem, até algumas palavras sem sotaque.. mas é preciso ousar para aprender o francês"!... eu quase respondi: posso morar aqui muitos anos e não vou perder o sotaque. aff...
Abraço.